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A mulher do baile?

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O fandango e a ciranda caiçara, presente na vida das populações que habitam o litoral norte do Paraná até o litoral sul do Rio de Janeiro, são reconhecidamente uma prática que carrega em si potência criativa e criadora, aliando trânsitos e fortalecendo redes de empoderamento e resistência. Embora, essa reconhecida força, as mulheres sempre foram invisibilizadas nos estudos sobre essa prática, as memórias e a presença feminina sempre esteve em segundo plano.

 

O conflito existente se dá na percepção da ausência da memória e da participação da mulher, enquanto protagonista, nas pesquisas acadêmicas, trabalhos e projetos culturais realizados, que dão exclusividade quase que total para os homens tocadores e luthiers. Entendendo que sem a dança não existe o baile, sem os pares de dançarinos, onde a mulher configura como metade do baile não teria sentido existir a música. E sem a mulher não existiria a dança. A percepção de que se dedica pouco espaço e atenção aos estudos da dança denota ela como um espaço “feminino” e portanto de menor valor para os estudos e ações culturais.

Quando as mulheres aparecem nos trabalhos sobre o fandango e a ciranda estão além da dança, relacionadas ao fazer da cozinha, ao cuidado com a hospitalidade dos convidados e hoje em dia acompanhando os bailes elas são as responsáveis pela organização e por manter viva essa celebração do povo caiçara. Mas esse tema do doméstico é desvalorizado pois é naturalizado a sua existência no cotidiano. Como se o dia-a-dia não tivesse importância e só interessasse aquilo que é feito no campo do extra-ordinário. A relevância dos papeis é dada pelo que é tido como algo único e raro. Esse debate é central na invisibilidade das mulheres como foco de interesse nas pesquisas científicas em geral. A história é contada sempre por aqueles que tem o poder. E o poder do cotidiano é interpretado como menor, sem tanta importância, ao mesmo tempo que é central para a manutenção da vida. Assim sempre aparece a história daquela única mulher que rompeu, ou venceu, ela alcançou esse status extra-ordinário e é vista como um exemplo.

As mulheres do baile

Sobre a pesquisa

A Mulher do Baile é uma pesquisa realizada para pós-graduação TERESA – Gestão de Territórios e Saberes/2021-2022, oferecidos pelo Instituto de Educação de Angra dos Reis (UFF - Universidade Federal Fluminense), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (Fiocruz e Fórum de Comunidades Tradicionais) e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). A pesquisa visa discutir o patrimônio imaterial e as relações com a imagem e as mulheres no Fandango e na Ciranda Caiçara. “A mulher do baile, a presença-ausência feminina no universo da musicalidade caiçara” é uma pesquisa que envolve dentro da dimensão do território caiçara as cidades de Paraty (RJ), Ubatuba e Cananéia (SP) e Guaraqueçaba (PR). Abrange todos os estados que se encontra presente a cultura caiçara. A proposta visa discutir o papel da mulher dentro do fazer fandango e ciranda e parte de uma revisão bibliográfica do Museu Vivo do Fandango. Trazer as histórias dessas mulheres que são esquecidas no universo da musicalidade caiçara. Investigar junto delas aspectos da história da música caiçara, apontando seus pontos de vista que são mais reconhecidas como personagens secundárias na dança, na poética das letras, como musas e pouco como protagonistas de suas próprias histórias. Desta forma o projeto busca trazer todas as mulheres como importantes para o baile para fugir da história que até hoje nos apaga e deixa uma única: A MULHER para servir de "exemplo". Aqui queremos destacar as diferentes formas de ser "a mulher do baile".

O projeto conta com a parceria da Ciranda de Tarituba - Paraty/RJ e do Grupo Sementes do Prumirim da Mestra Lauriana - Ubatuba- SP e com o apoio do Programa de Apoio a Formação de Educadores de Paraty - PAFE que possui o financiamento da Escola Cirandas, Instituto Ojumoran e da Associação Saúva e conta com a realização da Funarte - Fundação Nacional de Artes.

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CONTRAPARTIDAS

OFICINA DE FOTOGRAFIA E MEMÓRIA

Compreender conceitos base da fotografia e com ela novas formas de ver o cotidiano e a própria comunidade. A proposta é focar na memória e na importância do patrimônio vivo da ciranda de Tarituba. O tema será trabalhando através de retratos das mulheres, autoretrato, fotodocumentario sobre o cotidiano delas. Além de trabalhar a percepção de curadoria na escolha das imagens para montar uma exposição final. 

A oficina pretende estimular a observação e desenvolver o olhar para a arte trabalhando a composição, luz e cores e ser um espaço de expressão. As aulas serão teóricas e práticas e no final do curso será montadas uma exposição com as melhores fotos selecionadas pelos participantes. 

MUTIRÃO DE ALBUM DE FAMILIA

Oficina de cartografia social e fotografias. Nesse dia será feito um mutirão para digitalização dos acervos das famílias. Posteriormente será feito uma avaliação para fotos que necessitem de restauro. E o foco final será a organização de um album digital sobre a memória da Ciranda de Tarituba com o foco nas história de vida das mulheres que já se foram e que participaram do grupo.

Parceria

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Projeto de Pesquisa

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Apoio

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Realização

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